Duas meninas, uma negra e outra branca, se sentavam lado a lado. Compartilhavam suas curiosidades infantis, comentavam algumas particularidades, entre uma atividade e outra. Pareciam boas amigas.
A escola era toda murada, os portões fechados durante o
período de aulas e recreio. Mas, era comum parentes de algumas crianças,
durante o intervalo, levar-lhes lanche, entregando-o sobre o muro.
Certo dia, a menina negra brincava durante o “recreio”
distraidamente a uns três metros do muro.
A irmã de sua colega branca (uma jovem
de 17 anos aproximadamente) chegou com a merenda. Gritou pela irmãzinha
para que fosse pegar o alimento. A menina foi correndo. Ao se aproximar do muro,
sua irmã ordenou-lhe: Você está vendo aquela nega? Vá lá agora e dê-lhe uma
surra! “Bate, bate naquela neguinha.
Escola não é lugar de nego”! A menina
simplesmente correu e pulou sobre a outra, as duas rolaram pelo chão. A criança
negra não entendeu o que estava acontecendo, foi tudo muito rápido! Mas, por
pura adrenalina, reagiu e se defendeu com bravura. Acabou, a jovem assistindo
sobre o murro, sua irmã levar uma grande surra e não pode fazer nada!
As meninas continuaram na mesma classe, a amizade se esfriou.
A garota negra por muito tempo ficava pensativa tentando entender: Por que
aquilo tudo aconteceu? Como a menina, mesmo estando em uma família que,
provavelmente, não gostava de negros, antes da briga tinha uma boa amizade com
ela? Por que depois, não deu nenhuma explicação sobre o ocorrido?
A menina sentiu, pela
primeira vez, que poderia ter problemas não por algo que tivesse feito, mas
apenas por sua cor. Ficou muito assustada porque até então; pensava ser apenas
mais uma criança na classe!
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