Certa professora de educação infantil, aposentada, dava aulas de reforço de leitura e aritmética (rudimentos da matemática) a crianças da Rede Pública.
Uma época ela estava
ajudando duas crianças de oito anos que estudavam na mesma classe. Um garoto
negro e uma garota branca. Sua experiência como professora, a fez
perceber logo que ambas as crianças eram muito inteligentes, com potencial
enorme. A menina lia perfeitamente e só estava lá para aprender tabuada e ler
belos livrinhos coloridos. Porém, o menino era semianalfabeto,
soletrava só as sílabas simples. E parecia muito frustrado com a escola da qual
dizia categoricamente não gostar.
Por três vezes, a
garota branca procurou pela professora, em particular, e disse que o garoto era
constantemente maltratado por colegas na escola. Chamado de: urubu, macaco, nego fedido, saci, etc. E que, muitas
vezes, ele batia nos demais meninos na sala de aula.
(Esse tipo de situação é mais comum do que gostaríamos de pensar. E muitas vezes, a criança não conta em casa porque fica constrangida. Às vezes, acha que a culpa pelos problemas seja sua. Por isso teme ser repreendida pelos pais. Então, guarda toda a frustração que é manifestada de outras maneiras.
Há
casos em que a mãe temendo que a criança não se adapte ao “que é comum” a repreende com expressões do tipo: “Deixe de ser boba! Não ligue pra isso. Não
vá arrumar confusão.” Achando o problema “insuperável”, e que seu filho ao não se “conformar” com a situação, venha a
sofrer danos maiores, ela tenta levá-lo a aceitar o maltrato cotidiano. Muitos
adultos toleram circunstâncias de discriminação por este mesmo motivo.
Quando uma pessoa é humilhada constantemente e não vemos
reação. Não significa que não tenha havido reação. Significa apenas que: não vimos reação!)
Em outro dia, a
coleguinha branca comentou novamente sobre o assunto. Só que desta vez, em sua
presença. Ele começou a chorar constrangido e pediu a ela que parasse de
falar sobre a situação.
(Pais e professores
precisam estar atentos! Nenhuma criança deve ser submetida à humilhação
enquanto aprende. ISSO PODE PREJUDICAR MUITO O APRENDIZADO, o preparo para a
vida adulta!)
O garoto, na aula de
reforço, se sentindo seguro, respeitado e estimulado, em pouco tempo completou
a alfabetização e se tornou ótimo em matemática. Mas, continuou afirmando
não gostar da escola!
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