terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Tenho Orgulho de Ter Amigos Negros


Você já parou para pensar como soa para um negro a expressão que tem se tornado popular nas redes sociais? 
(TENHO ORGULHO DE TER AMIGOS NEGROS: Quem concorda curta e compartilhe! ou "se você não for racista...") 

É no mínimo estranha em um país tão miscigenado. Onde está a linha divisória entre ser negro ou branco no Brasil? O que significa esse orgulho? Por quê? Quem é esse negro? Quem é o "branco" que se orgulha? Orgulha de que?

Para o negro  ser igual, não ser discriminado é: ser comum! (Ser absolutamente comum, estudar na mesma escola, ir aos mesmos lugares, ter as mesmas oportunidades.) Quando uma pessoa é igual, passa por despercebida. Não necessita campanha dizendo orgulhar-se dela. A não ser que: mesmo tendo as mesmas oportunidades, ela venha a se sobressair.
Muitos usam esta expressão de boa vontade o que é louvável. Percebendo que o racismo esteja tão escancarado atualmente; algumas pessoas, negras ou brancas, veem-se na obrigação moral de fazerem algo a respeito.  Não digo que o uso da expressão seja de todo negativo. Pois, há boa intenção de alguns ao usá-la (não de todos).  
E também: o constrangimento, surpresa, questionamento, desconforto, indiferença ou qualquer outra reação que a expressão possa evocar; podem ser pedagógicas. E o consequente questionamento levará a descobertas interessantes. Muitos têm postado em redes sociais fotos de negros em situações humilhantes, ou de sofrimento com a frase: "Me orgulho de ter amigos negros!"  Por que não, fotos de negros em situações honrosas? Em alguns casos parece que a postagem é feita por zombaria ou ingenuidade. Aliás, as atitudes em relação ao negro no Brasil, muitas vezes oscilam entre estes dois polos.

O que sente em relação ao negro aqueles amigos que não se declaram orgulharem-se de ser seus amigos? Será que cada vez que o negro se aproxima ele pensa: "Eh! Lá vem meu amigo negro!" (Amigo?)
E se o amigo não fosse negro? Tenho orgulho de ter um amigo louro? Tenho orgulho de ter um amigo moreno? Moreno mais ou menos claro? (Vejam o ridículo da situação!)
Amigo é amigo... É precioso! Amigo não deveria ter cor. É só amigo! Por ser amigo, ele não precisa de mais nada.
Ou será que quem não é negro, ou não *se sente negro, ou não está negro, acha que seja um favor ser amigo de um negro?

OBS.: Veja em artigos anteriores: *Estar negro, sentir-se ou achar-se negro. 

                                          Amigo

Tenho orgulho de ter amigo negro

Tenho orgulho de ter amigo branco

Tenho orgulho de ter amigo moreno claro

Tenho orgulho de ter amigo moreno escuro,
  moreno intermediário!

  Acima de tudo:

Tenho orgulho de ser amigo!

Amigo não deveria ter cor!


domingo, 20 de dezembro de 2015

Diferenças ao Caracterizar Negros ou Brancos

Quando a característica negativa é atribuída a indivíduo negro é percebida como inerente à cor ou relativa a qualquer negro. (Geralmente o negro é assim...).
Se a mesma característica negativa for atribuída a pessoa branca, ela é vista como individual ou esporádica mesmo que haja grande número de indivíduos brancos com tal aspecto ou comportamento.
Exemplo claro disso há hoje na política: Imagine se esse tão grande número de políticos e empresários ricos que estão sendo investigados por corrupção, roubos jamais vistos dos cofres públicos, fossem negros? Eles (os investigados) são tantos que é até impossível, ao cidadão comum, memorizar cada caso. Mas, ninguém ousaria generalizar (o que  realmente não seria correto nem justo). Mas, por que se tratando de negros é comum a generalização? 
E se, no meio deles, houvesse uma meia dúzia de negros. Seriam suspeitos de terem contaminado os demais?

Alguns ditos populares, corriqueiros que demonstram a generalização de características negativas referindo-se  a negros : 
  • Isto é sérvio de nego (malfeito)
  • Só podia ser nego (fez algo errado)
  • Nego quando não caga na entrada, caga na saída (ele vai errar em qualquer parte do percurso)
  • Branco quando se junta com nego só sai sujeira (influência negativa)
  • Ele tá fazendo negrice (fazendo coisa errada ou ruim)
  • Por isso que não gosto de nego (decepção)
  • Nego fedido
  • Nego sujo
  • Nego bandido
    Nego safado
    Nego Malandro
Veja que as características negativas foram atribuídas à cor e não ao indivíduo.
E quando as características são positivas SÃO AUTOMATICAMENTE consideradas  EXCEÇÕES e até, em alguns casos, relacionadas a brancos. (O negro está excepcionalmente tendo atitudes de branco).
Vejamos exemplos:
  • Ele é preto de alma branca
  • É preto, mas é boa pessoa
  • Prefiro mais  um preto do que um branco desonesto
  • Ela é preta mas é cheirosa
  • Ele é preto, mas é honesto
  • Serviço de branco (serviço bem feito)
  • Ele é preto, mas não troco por um branco sujo
  • Preto limpinho

    Como negros poderão acessar  boas escolas, bons empregos, etc. sendo taxados de características tão negativas? Como serão aceitos nos melhores ambientes?

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Como Deve Ser uma Escola para Negros no Brasil?

Quando se fala em valorizar o negro, parece que é mais fácil buscar roupagens africanas, atabaques, etc.
Todo povo tem sua história que precisa ser conhecida; mas parece que há uma dificuldade em valorizar aquele negro que é “meu” vizinho, exatamente como ele é: Que tirando a cor da pele, é exatamente igual a “mim. Ele não usa indumentária africana, nem mesmo nunca as viu. Ele trabalha, volta para casa à tarde, igualzinho à vizinhança; seus filhos estudam em escolas públicas do bairro.
Às vezes, dá-se a impressão de que: Quando se fala em integrar o negro, combater o racismo, dar a ele a mesma oportunidade que aos brancos. Aí, então, vai-se buscar um negro tão fantasioso, tão diferente daquele que tem suas crianças na mesma escola pública que os “nossos filhos” que é aquela criança que às escondidas ou às claras é chamada por coleguinhas de: “nego fedido ou macaco”.
As raízes negras, estão na África e tem sua importância. Mas, a cultura negra brasileira é brasileira. O negro em questão é brasileiro, seus problemas são brasileiros. Suas lutas são aqui!
Muitas vezes, essa busca fantasiosa de um “negro brasileiro da África” só ajuda a fugir do problema, confundir as pessoas negras e brancas e a mascarar o racismo.
O negro brasileiro não precisa fantasiar-se de africano para se encontrar. Ele já é o que é. A cultura africana está nele, está nos brancos, está no Brasil inteiro. E isto não tem minimizado o racismo!
As raízes africanas são importantes, belas, ricas e tem o seu lugar na busca do conhecimento por negros e brancos. Mas, jamais, deve ser usada para camuflar o verdadeiro problema do negro brasileiro que é: Interação justa entre negros e brancos aqui, no dia-a-dia.

Pensar que a criança negra precise de uma formação escolar diferenciada da que é dada à criança branca, reafirma ainda mais a discriminação! 

(CULTURA NO SENTIDO DE COSTUMES, APRENDE-SE NA FAMÍLIA)!  A escolaridade das crianças negras para ser boa e justa tem que visar oportunidades no Brasil, em todas as áreas do conhecimento humano. Estas crianças quando crescerem não vão ser enviadas para a África, a maioria, provavelmente, viverá aqui mesmo. Elas devem ser preparadas para viver no Brasil de maneira justa e igualitária. 

Concluindo: 
Escola para negros, ou para brancos deve ter: boa formação em português, com muita leitura e interpretação de textos; boa base de aritmética (na infância), ciências, etc. Outros conhecimentos têm o seu lugar, inclusive cultura africana ou de outros locais de origem. Mas, ATENÇÃO! Não adianta ter uma educação medíocre e uma ou duas vezes por ano, fantasiar os alunos de africanos, servir comidas típicas e dar aulas de capoeira!

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Lápis Cor de Pele: Uma Convenção Racista para Pintar Figuras Humanas


Cor de pele
Cores de pele
Cor de pele?
Cores da pela.
Pele!
Pele de cor?
Só um racismo exacerbado para padronizar uma cor de pele.
Toda cor de pele é: cor da pele, não importa sua tonalidade!
Se a pele não fosse daquela cor, não seria cor da pele!
As redundâncias são propositais para enfatizar a incoerência absurda do que já foi, há longos anos, convencionado de que cor de pele seja um rosa suave.
Para que isso?
Uma criança, quando entra no maternal, em seus primeiros rabiscos infantis (não importa sua cor) já lhe é entregue o tal lápis (cor de pele) para pintar corpos. E se ela se aventurar a usar qualquer outra cor é advertida: “Você está pintando errado! Use o lápis cor de pele!
Muitas vezes, também, a criança é simplesmente orientada a deixar rosto, braços e mãos sem pintar (dando a ideia de que aquela pessoa seja extremamente clara).
Muitas crianças quando já estão com sete, oito anos ou mais; se sentem constrangidas, se desafiadas a pintar figuras humanas em tons escuros. No caso da pintora ser uma criança escura a se recusar a pintar com cor semelhante à sua, será censurada e muitas vezes, taxada de não se aceitar,  isso a faz sentir-se culpada por algo a que foi condicionada desde muito pequena.
Ninguém nasce com a cor errada! Cor seria apenas um detalhe insignificante se não fossem as convenções criadas pelo egoísmo e ignorância.
Não tem nada de errado em uma criança totalmente branca achar que uma figura humana se identifique mais consigo se não pintada ou pintada de cor bem clara. Ou, até mesmo se outra criança, não tão clara, quiser experimentar vários tons ao pintar; desde que todas as possibilidades de tons de pele lhe sejam apresentadas de maneira, gentil, igualitária e honesta.
 
Conclusão:
O problema não está em como a criança pinta uma figura humana, mas, sim na imposição de padrões preconceituosos que vem de longos anos. TODA COR DE PELE É COR DE PELE!

quinta-feira, 23 de julho de 2015

A Auxiliar de Enfermagem e o Paciente Racista


A Auxiliar de enfermagem - em um hospital particular - gostava muito do que fazia, por isto tinha extrema dedicação e carinho pelos pacientes. Não ganhava tão bem, apesar do hospital  assistir à classe média.
Ela era mulher negra, parecia exuberante em seu uniforme branco impecável. Nunca havia se preocupado com o termo racismo, achava que se fosse educada, gentil e cumprisse à risca suas obrigações, não teria com que se preocupar.  Geralmente, o comportamento dos pacientes em relação à sua pessoa variava de agradável a indiferente; mas nunca grosseiro.
Certo dia porém, a situação mudou:
Deu entrada um paciente, que havia sofrido derrame há alguns anos. Estava precisando de controle mais rigoroso da pressão arterial.  Tinha algumas sequelas: um lado do corpo semi-paralisado, andava com ajuda de alguém ou do aparelho andador. Apesar disso, era lúcido e conversava normalmente.
Como de costume, ao primeiro contato, a funcionária cumprimentou-o, chamando pelo nome. Se apresentou e especificou brevemente o que iria fazer. 
Surpresa e incrédula, ouviu a seguinte resposta: Sua macaca, faça sua obrigação e não fale comigo, nega fedida!” Por segundos, em estado de choque, ela ficou paralisada. Pois, até então, nunca havia sofrido insulto racista de maneira tão aberta e contundente. Sem ação, saiu do quarto para se recompor e refletir um pouco, sobre a situação.  Não sabendo o que fazer no momento, chamou uma colega, pediu-lhe para atendê-lo. Não se sentindo à vontade para dizer-lhe o porquê. Apenas disse que precisava se ausentar-se por  um instante e logo voltaria. A colega que era branca, não estranhou o pedido, pensando se tratar de necessidade fisiológica urgente.

Passado o choque, ela decidiu: terminar seu turno normalmente, concentrando-se no trabalho. Refletiria mais detidamente sobre o ocorrido em casa. Onde poderia também trocar algumas ideias com o marido sobre o assunto. Seu esposo tinha temperamento calmo e opiniões bem ponderadas. O que, muitas vezes, a ajudara a ver situações por ângulos diferentes.

Chegou à tarde em casa,  dali uma hora e meia, o marido também. Ela achou melhor fazer o possível para não demonstrar contrariedade até que ele tomasse banho, jantasse e descansasse um pouco. Então, quando concluiu ser o momento de se tocar no assunto, já passava das 21 horas.
Começou a narrar, toda a estresse veio à tona em forma de lágrimas abundantes. O marido ouviu tudo em silêncio. Fez algumas perguntas sobre: o estado do paciente, se estavam apenas os dois, etc. Depois deu a seguinte sugestão: Esse homem está com limitações físicas. Ele depende de você e de outros funcionários para algumas necessidades básicas. Provavelmente, esteja apenas; descarregando sua frustração e seu orgulho ferido sobre você.  Talvez, tenha sempre desprezado negros e agora se sentiu humilhado ao ser assistido por alguém negro, quando fragilizado pela doença.
Eu faria o seguinte: tratá-lo-ia normalmente, como qualquer outra pessoa. Um dia pode ser que ele se canse e sinta-se envergonhado, ou pode ser que não mude! Mas, e daí? Lembre-se: Você é responsável por suas atitudes e não pelas de outra pessoa.
Ela se sentiu reconfortada e decidiu dormir tranquilamente, achando que talvez, tivesse levado a situação a sério demais.
Nos dias seguintes, o paciente a humilhava, destrava. Às vezes, até tentava alcançá-la com  tapas e cuspidas, etc.
Um dia, seu filho ao visitá-lo, assistiu a uma das cenas  de desacato à funcionária, ficando visivelmente constrangido. Pediu desculpas e atribuiu o comportamento do pai à doença.
Ela argumentou da seguinte maneira: Mesmo que a doença tenha alguma relação com o seu nervosismo e descontrole. Não é justificativa para a maneira preconceituosa com que me trata. Tanto é que ele não age da mesma maneira quando é assistido por indivíduo branco. Na verdade, ele está externando a atitude que foi guardada por anos dentro de si.
Mas, não se preocupe: seu pai será tratado com respeito e dignidade, independentemente do seu comportamento. O homem, muito envergonhado, agradeceu e saiu.
Aquele senhor recebeu alta hospitalar, foi para casa, voltou, tornou a ter alta, tornou a voltar. Até que um dia, sofreu um novo derrame e faleceu.
A maior lição que a auxiliar de enfermagem tirou da situação foi que: Ela seria sempre responsável pelos seus próprios atos independentemente dos atos de outros. Se ela pagasse ódio com ódio, seguir-se-ia uma lógica perversa e interminável!

sábado, 7 de março de 2015

Dia Internacional da Mulher - Negra!

                                                                Mulher – negra!

Mulher forte – negra!

Inteligente, dedicada – negra!

Mulher exuberante – negra!

Mãe, filha, esposa, amiga, vizinha - negra!

Mulher bela, destemida, altruísta - negra!
Que se sobressaia você, Mulher!