terça-feira, 25 de junho de 2013

E. Chamar Negro de Moreno


                       (Como denominar o negro sem temer ofendê-lo?)
 Todo ser humano deve ser tratado com respeito e dignidade pelo simples fato de ser uma pessoa!
 O constrangimento em definir-se como tratar o "negro" de maneira honesta e clara, foi gerado por anos e anos de "uso pejorativo ou depreciativo" dos termos que se referem a ele.  É difícil chamá-lo de "negro" porque é dito: "neguinho, negona, negão" e por ai vai..., nos “bastidores”, com intenção depreciativa. E assim, quando se deseja ter um relacionamento aberto e cordial com um negro; não se pode  sentir à vontade no uso dos mesmos termos usados para depreciá-lo.
Na cultura brasileira, geralmente, não é necessário se referir a uma pessoa e acrescentar algum adjetivo para esclarecer que ela seja branca. Ex.: José Branquinho, Maria  Branca, Paulo Clarinho, Antônio Brancão..., etc. Já, em relação ao negro, sempre é necessário acrescentar alguma palavra para “ressaltar” sua cor - negro! Ex.: José Neguinho, Pedro Chocolate, Pretão, Maria Moreninha, Antônio Escurinho, Negão, Negona, etc. O nome da pessoa apenas e simplesmente não é, geralmente, usado porque: A COR NEGRA SE SOBREPÕE ÀQUILO QUE A PESSOA É. Acima de tudo, ou independente de qualquer coisa: ELA É NEGRA! E isto tem que estar claro para que não haja um mal entendido ou constrangimento. 

                                                        Situação Exemplo: 

       Certo homem tratava de alguns assuntos burocráticos de uma importante empresa nacional, por telefone, com uma "secretária" de determinado órgão público.  Por muito tempo, tiveram contatos apenas por telefone. Ele a considerava extremamente educada e eficiente. Não havia  problema que ela não fizesse o possível para resolvê-lo.  A confiança no profissionalismo entre ambos era recíproca! Até que: ele precisou comparecer ao local em que ela trabalhava. Ao ser conduzido à  presença da "jovem negra" disse imediatamente: "Eu sempre fui atendido por Fulana de Tal. E só aceito ser atendido por ela!" A jovem, sem entender o que estava acontecendo respondeu: "Mas, eu sou Fulana de Tal!..." (Neste caso, como o relacionamento anterior era  apenas por telefone e não houve "intermediário" para alertá-lo com acréscimo de adjetivos como: a secretária moreninha, escurinha. Ou ela é de cor, mas ...) Ele foi surpreendido com a situação.

Algumas expressões ou palavras usadas para se referir ao negro: 


1.     Ele é preto de alma branca!  (Alma tem cor?)

2.     Ela é preta, mas melhor que muitas brancas.

3.     Negão, negona, escurinho,

4.     “Moreno”,  “moreninha”( Moreno aqui significa negro).

5.      Ela é preta, mas é limpa.

6.      Prefiro mil vezes um preto do que    um branco como fulano.

7.      Só poderia ser negro.

8.      Ele fez serviço de preto.

9.      Macaco.

10.    Carvão

11.    Urubu

12.    Cabelo de arame ou de Bombril

13.    Beiçudo

14.    Saci

15.    Ele ou ela é de cor.  (Existe pessoa sem cor?)

sábado, 22 de junho de 2013

D. Negro Tem Cabelo Ruim

Eis, uma  frase carregada de preconceito e profundamente assimilada por TODOS. Que bem faz a autoestima de alguém, já vir a este mundo com uma  parte de seu corpo definida como RUIM?
O cabelo do negro tem suas características próprias, mas será justo estabelecer-se que ele seja ruim e pronto?

Para ter correta perspectiva do problema, pode-se fazer a seguinte analogia: Pessoas muito brancas têm pele (geralmente) mais sensível ao sol e propensa a câncer. Como seria se denominassem de maneira genérica: “Toda pessoa  branca tem pele ruim”. (Olha que bebê lindo! Pena ter nascido com pele ruim!) Seria um  estigma para o resto da vida! (Nota: A comparação tem o objetivo apenas de dimensionar o problema e não de discriminar pessoas de pele muito clara). Termos depreciativos sobre o negro são tão comuns e passados de geração a geração que, às vezes, a comparação é um ótimo recurso para dimensionar a situação e levar alguns leitores à empatia.  
 
Muitas pessoas negras, principalmente mulheres, gostam de modificar seus cabelos de maneira criativa e variada. O que pode ser visto com naturalidade, uma vez que quase todo mundo (negro ou não) em alguma época da vida, modifica artificialmente os cabelos. E a maioria das mulheres, em geral, usa de algum tipo de artifício constantemente.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

C. Negro Tem Voz Grtoesca

Nota: Neste trabalho faz-se o uso da palavra RACISMO  para tratar do problema de discriminação do negro em sentido amplo. E PRECONCEITO ou DISCRIMINAÇÃO tratando-se das diversas manifestações do racismo. Então racismo (aqui) é o problema e  preconceito  e discriminação são  manifestações do mesmo. 
O negro é discriminado devido ao racismo ou ainda: o preconceito é a face do racismo.
Então, quanto a voz, pensar que a fala da mulher negra soe forte, quase caricatural é um preconceito devido ao racismo. Fala-se sobre empresários brasileiros que não contratam negras para telefonistas porque têm voz grotesca. É UM MITO. Não há nada mais falso que isso! Muitas dentre as mais belas vozes do mundo são de negros. Países -onde o povo é miscigenado com negros- tem mais cantores mundialmente famosos que os demais.
 
     Duas situações que exemplificam bem este mito:
         a) Uma vez, um amigo meu  que na escala de cores se encontra bem próximo ao nº. 10 (inconfundivelmente branco); contou- me o seguinte fato: Ele estava, juntamente com a esposa, ouvindo pelo rádio, já deitados, tarde da noite, uma entrevista com uma professora particular de inglês, dos cantores Sandy e Júnior. A professora era tão alegra e transmitia tanta simpatia que eles ficaram totalmente cativados.  Resolveram fazer uma brincadeira ali mesmo: Adivinhar quais seriam as características físicas daquela senhora. Mentalmente desenharam-na: loura, alta, olhos claros; com roupas despojadas e alegres.
             Alguns dias depois; a viram dando uma entrevista na T.V. E (segundo suas próprias palavras) levaram um grande susto ao perceber que ela era “uma negona!

 Oh! Como a vida seria melhor e mais justa se a opinião a respeito das pessoas fosse formada sem que  passasse pelo “filtro cultural do preconceito!”
       b) Uma pessoa dramatizando estórias infantis com bonecos. Quando representava a fala de uma criança negra, mesmo que se tratasse de um garotinho de 5 ou 6 anos. Produzia uma voz grotesca e cavernosa. (Qualquer pessoa poderá procurar uma criancinha de 5 ou 6 anos com voz grotesca e cavernosa que jamais encontrará).  Detalhe: As crianças que ouviam a estória caiam na gargalhada cada vez que: “o neguinho falava”. 

quinta-feira, 20 de junho de 2013

B. Negro Tem Odores Corporais Mais Fortes Que Branco

  Sente-se para não cair: TODOS NÓS F E D E M O S! E muito! (brancos e negros). Então, por que se criou este conceito de que “nego fede”?
   A explicação é extremamente simples:
      a)  Negros, geralmente,  trabalham em serviços mais pesados e por mais horas. O que favorece a transpiração.
      b) Têm menos acesso a produtos de higiene de boa qualidade.
      c) Têm menos acesso à educação, ou a educação de qualidade. Alguns nem sabem ler para avaliar corretamente o uso de alguns produtos de higiene e limpeza.
Os cuidados para evitar o chamado CC, um dos odores de corpo mais conhecidos, devem ser ensinados, cuidadosamente, às crianças que estão entrando na puberdade. E há outros ensinamentos preciosos sobre pés, hálito, etc. Os quais devem ser ensinados às crianças desde pequenas em casa e com auxílio de boas escolas.
Só banho não é o bastante para evitar odores. (Se fosse assim, não seria necessário o uso de desodorante. (Que quanto mais eficiente, mais sofisticado e mais caro). Se  negro fosse naturalmente mais “fedido” que branco; brancos não precisariam de desodorantes caros, sofisticados. Esses produtos dificilmente poderiam ser adquiridos por pessoas mais pobres. As quais estão na camada da sociedade onde estão mais de 90% dos negros. Não se pretende aqui dizer que só quem usa produtos caríssimos pode combater odores corporais desagradáveis. Mas, apenas que: se eles existem e há tanta propaganda dos mesmos é porque as pessoas com alto poder aquisitivo – a maioria branca- também têm problemas com odores corporais!
Uma pessoa (independentemente da cor) que tenha dificuldades em lidar com “seus odores” pode ser ajudada, em particular, com todo respeito e consideração. Pode-se de maneira objetiva abordar o problema e dar uma sugestão prática (acessível) de solução. Se ela  perceber que realmente o objetivo da abordagem seja ajudá-la; aceitará e terá mais confiança na pessoa que o faz. (Quem passa por constrangimento para ajudar outra pessoa está comunicando: “Eu me importo com você!”) Ratificando: Essa ajuda deverá ser em particular! Quem expõe alguém publicamente tem mais dificuldade de ser aceito como amigo ou benfeitor.
Convive-se socialmente com pessoas cheirosas, neutras ou com odores desagradáveis. Sendo elas brancas ou negras. Quando se trata de pessoa branca são comuns comentários como: Fulano ou "Fulana é cheiroso". "Ou fulano ou fulana é fedido!" Mas se a pessoa em questão for negra. Os comentários são do tipo: "Neguinho fedido... " "Neguinha fedida." Se for cheirosa o comentário é: "Ele é preto, mas, é cheiroso! "

terça-feira, 18 de junho de 2013

A . Será Que o Negro É Feio?

Na mais tenra idade, as bases do que se espera de uma pessoa são estabelecidas. Alguns especialistas dizem que o caráter se forma até a idade de quatro anos.
 Há modelos através de imagens e situações a que todos (brancos e negros) são expostos para formarem  padrões mentais de beleza nos quais o negro não se encaixa. Tal exposição se dá antes de possuírem qualquer critério de julgamento em relação a tudo o que está envolvido nisso.
Olhando-se, desprovidamente de preconceito,  ver-se-á o negro como fisicamente perfeito e belo. Seus traços fazem parte de um todo harmônico. Sua pele à luz reflete tons dourados. Há várias tonalidades de cor às quais se convencionou como cor negra. (Isso, em si não tem nada de errado). Tonalidades, estas que poderiam ser exploradas em obras de arte de maneira belíssima. O cabelo do negro pode ser arrumado de modos decorativos variados e muito interessantes. As cores dos olhos vão (geralmente) do castanho claro ao preto intenso e o branco dos olhos tem a tendência, com o passar da idade, de adquirir pigmentação mais escura, aproximando-se assim da cor da pele. Seus lábios, quase sempre grossos, são molduras para dentes muito brancos os quais contrastam bem com a cor da pele.
Porque não enxergar estas peculiaridades como charmosas da mesma maneira que são, muitas vezes, vistas as sardas dos ruivos? 
“Na África, há vários grupos de negros, com cores que vão do negro intenso ao marrom dourado. Há negros com os traços considerados negroides (narinas largas, lábios grossos e nádegas volumosas). E há também,  outros grupos que têm lábios e nariz fino, olhos puxados e pele marrom.” (Há no Brasil alguns descendentes deste segundo grupo).
Uma criança negra tem a mesma doçura e beleza que uma branca de olhos azuis, etc. Precisamos prestar muita atenção nisso!

segunda-feira, 17 de junho de 2013

5. PONDO O DEDO NA FERIDA (Chavões Racistas ou Rótulos)

O prezado leitor há de se lembrar que o capítulo anterior tratou um pouco sobre a necessidade de discernir o racismo na cultura brasileira. Este capítulo, não tendo a pretensão de ser a palavra final, se propõe a expor chavões e rótulos PERVERSOS usados em relação ao negro nos “bastidores” da vida. Os quais, dificilmente, alguém tenha coragem de abordar abertamente em público. Mas que precisam ser tratados porque muitas pessoas (inclusive negras) acreditam neles. Pois, são passados de geração a geração, sem que ninguém faça alguma coisa consistente para combatê-los.
Pretende-se questioná-los e mostrar outras possibilidades de encarar (ou visualizar) algumas características dos negros ou ainda desfazer alguns mitos extremamente maldosos. (Pode ser que o leitor encontre uma maneira ainda melhor de vislumbrar a si próprio ou ao seu semelhante. Seria ótimo!) 
 A) Empatia
Poderá chocar a alguns; mas, muitas das opiniões distorcidas e pejorativas que o branco tem sobre o negro, o negro também tem de si próprio. E isto é uma parte muito mais importante do problema do que se pode imaginar. É muito comum, famílias negras usarem termos pejorativos ou piadas depreciativas a respeito de sua cor e características. Também é comum pais usarem este tipo de termos quando corrigem suas crianças.
Precisamos ter empatia e procurar entender as razões alarmantes disso. É muito cômodo apenas dizer: “Ah! Se o próprio negro tem preconceito, então o problema está nele.” Isto tem sido dito por décadas e dá um alívio temporário de consciência para quem, no momento, não estiver se sentindo negro. (Porque: – mesmo antes das cotas-  às vezes, ser negro ou não - é  questão da conveniência do momento. Num momento é conveniente recorrer às raízes afro, sejam elas genéticas ou culturais. Em outro momento é conveniente desfrutar dos benefícios do clareamento ou de nunca ter precisado passar por este processo.
Mas, atenção! Aqueles que trazem  sua negrura inconfundível e inquestionavelmente estampada na pele, jamais poderão usufruir dos benefícios desta dualidade! Eles são sempre negros. Esses  não podem uma hora estar de um lado, em outra  de outro!

Veja um pouco do que é feito para que o negro chegue a tal grau de autoestima:

Uma criança negra, desde bebê, começa a ver nos brinquedos modelos de beleza ou  ideal nas bonecas brancas. Geralmente louras de olhos azuis. (Só há pouco tempo, timidamente, bonecas negras começaram a ser comercializadas em escala mais abrangente). Porém, o geral de brinquedos, inclusive os bem baratos, entregues com abundância a crianças pobres; por instituições de caridade, são bonecas louras de olhos claros. Sem contar outras centenas de estímulos visuais em cartazes, filmes, etc. Onde o bem sucedido e feliz, quase sempre, é o semelhante à boneca.

Como  seria se esta criança negra recebesse suas primeiras bonequinhas negras. Brincasse com elas, como “suas filhinhas”. Aprendesse desde pequena que a cor e os traços de suas  “bonequinhas negras” são lindos e naturais. E mais tarde, a mesma menininha, ganhasse de presente uma bonequinha branca, cujos traços também fossem considerados belos e naturais. A segunda poderia ser, no seu imaginário infantil, uma amiguinha da outra. (O negro não precisa jamais desconsiderar o branco. Mas apenas desde criança ser levado a considerar e valorizar a si próprio).
Parece pouco, mas faria uma grande diferença em sua autoestima. Na formação mais básica de sua autoimagem. Brincadeira é um aprendizado para a vida. Há coisas muito simples e que parecem óbvias, mas que temos ignorado por gerações. Porém, de agora em diante, com a globalização, não dá mais, perante o mundo todo, para o Brasil se fazer de inocente e bonzinho. Muitas vezes, o que está por trás de tanta bondade é: comodismo e falta de comprometimento, quando não  outros motivos mais obscuros.

Também, a mesma criança quando começa ir à creche ou escola, perceberá diferença sensível entre ela e as crianças parecidas com sua boneca loura. O lanche delas (quando vindo de casa) é melhor que o seu. Suas roupas são melhores. Ela (a semelhante à boneca) é amada e elogiada por todos: “Que olhos lindos você tem! Que cabelo macio! Que gracinha!” (Testemunhei um caso em que: uma pessoa, enquanto cuidava de  várias crianças, tirava fotos das mais claras e as elogiava freneticamente perante as outras crianças e outros cuidadores). Pessoas com tais comportamentos, alias, muito comuns; jamais os considerarão racistas, preconceituosos ou algo impróprio. A não ser que haja um demorado trabalho de educação e esclarecimento nesta área. Muitos simplesmente não têm visão para tal coisa. Estão cegados por séculos de costumes hipócritas! É semelhante ao brasileiro que se julga "o povo" mais limpo do mundo porque toma banho todos os dias. Mas não se constrange nem um pouco ao jogar lixo nas ruas. Ele está, na verdade, é com a consciência cauterizada neste aspecto.  
A criança negra não tem dúvidas, (e nem os outros): "Aquela criança, parecida com sua boneca e também com as crianças felizes da TV, é realmente LINDA"! A essa altura, ela já estará com problemas de autoestima que, provavelmente, levará para a vida toda.

Quando, adulta, ela chega ao mercado de trabalho. E, mais uma vez, vê que sua cor não lhe favorece em nada. (A cor em si, fora de contexto sociocultural preconceituoso, não tem nada de negativo).
Ainda não estamos levando em conta todas as piadas, apelidos grosseiros que esta pessoa se acostumará a ouvir em relação a sua cor desde pequena. (O negro que não convive bem com conversas do tipo: Você é negão, neguinho,  preto, mas..., não é bem visto.) Para ser bem visto e aceito pelos "amigos"; o negro tem que aceitar com bom humor as piadas ou apelidos grotescos em relação à sua cor ou características físicas. E ele será um “cara mais legal” ainda se ele mesmo fizer piadinhas grosseiras em relação a si próprio e a outros negros. Caso contrário, será tachado de “ter complexo” de sua cor  e de não aceitar brincadeiras, etc. Será comparado com outros que   "aceitam  tais brincadeiras,"  e excluído.

Poesia : DESDE O BERÇO

                                                                    Poetando...

Ele tem cabelo crespo

  Ele é negro desde o berço

  Ele tem os lábios grossos

  Ele é negro desde o berço

  Sua pele é bem escura

  Ele é negro desde o berço

  Seu coração tem sentimento

  Sentimento, desde o berço! 

domingo, 16 de junho de 2013

4. PORQUE O DEBATE SOBRE O RACISMO É LEGÍTIMO E SALUTAR

Passadas  várias gerações sem ter havido uma abertura “cultural” para se falar sobre o racismo no Brasil. Pois, o assunto era tabu até  uns dez anos atrás. (Ainda é tratado com muito melindre ou omitido em algumas esferas sociais). Está havendo um debate tímido ainda, mas que já faz muita diferença.  Os sites de relacionamentos têm importante parte nisso, com uma comunicação independente desabrochando, “sem atravessadores.”
À parte alguns casos, muitos brancos  terão boa vontade em dialogar, compreender e cooperar com combate ao racismo; na medida em que ele venha sendo decifrado. E, no caso brasileiro, a própria compreensão honesta do racismo será o início do combate!

A postura de muitos em relação ao racismo é simplesmente: “Se eu não falar sobre ele, ele não existe! Ou, mesmo com todas as evidências, eu jamais admitirei que ele exista!”
Ou, inda há aqueles que simplesmente o negam, maliciosamente, como uma forma de racismo. Seria um desprezo através da negação. Como aqueles que negam ter havido o holocausto contra os judeus. Algumas pessoas muito cultas, bem informadas, defendem de “unhas e dentes” a tese de que no Brasil não há racismo. Isso é lamentável e vergonhoso! Compreendem-se algumas pessoas simples, com pouco estudo, tendo opiniões do tipo: “Nunca fui discriminada. Nunca presenciei situação de racismo.” Pois, há uma pressão cultural para que elas não o percebam. Ou, caso contrário, não demonstrem a percepção.

                               Uma Situação Exemplo
Certo senhor visitava um parente, após longos anos. Caminhavam juntos pelo bairro no  qual ele morava. Onde  havia  comprado o terreno em loteamento há cerca de 15 anos atrás e construído sua casa. O bairro era popular, porém bom. Com boa infra-estrutura e saneamento. Ao término do passeio o morador perguntou ao visitante se havia percebido algo de particular ali.  Ele pensou... pensou... Como era muito determinado, pediu tempo para dar a resposta. Saiu novamente para fora da casa e percebeu que todas as crianças que estavam brincando naquela rua eram negras. Voltou e perguntou  ao parente se aquilo tinha alguma relevância em relação à pergunta feita.
Ele respondeu: "Sim! Quando, há quinze anos atrás, os terrenos aqui foram loteados.  Se o pretendente a comprador fosse negro, os vendedores diziam que todos os demais terrenos já tinham sido vendidos. Que só havia lotes à venda nesta rua. (A qual,  por características geográficas, é a pior do  bairro.) Todos os moradores daqui são negros e não há negros nas demais ruas."

O visitante perguntou-lhe se alguém havia questionado isso. Ele disse que não tinha conhecimento de ninguém que houvesse feito algo a respeito.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

3. OS Traços Negroides e a Escala Cultural de Oportunidades e Ascensão Social X Cor.


3)  Além do tom da cor, os traços *negroides também afetam a posição do indivíduo na escala.  
*(traços de negro)
Se uma pessoa estiver dentro dos níveis de “clareamento”  que vão de 03 a 07 (são mulatos ou pardos e morenos) terão menos oportunidades de inserção se tiverem lábios grossos, narinas largas e cabelos crespos. Estes traços podem ser a linha divisória entre um emprego  razoável ou medíocre.

Representação da Escala Cultural de Oportunidades de Ascensão Social X Cor:

0. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9.10.

De 0 a 2 - Negros mais escuros: (chamados neste trabalho de inconfundivelmente negros).
De 3 a 5 - Mulatos: misturas de traços negroides, indígenas e europeus. Por exemplo: cabelos crespos e olhos claros;  lábios afilados e  cabelos crespos ou ondulados; olhos claros, narinas  largas e lábios grossos;  etc..
De 6. e 7 - Moreno claro: Pele morena clara, lábios e nariz finos, cabelos lisos ou ligeiramente ondulados. (Este grupo tem uma boa inserção social muito próxima ao grupo que vai de 8 a 10).
De 8. 9. e 10 - Inconfundivelmente brancos: cabelo preto, louro ou ruivo; olhos claros ou escuros, pele bem clara).

Estas divisões são imprescindíveis,  primeiro porque estão presentes na sociedade e segundo porque fazem muita diferença nas oportunidades individuais de inserção social. Por exemplo, num contexto social onde não haja muitos indivíduos dos níveis de 8 a 10. As melhores  oportunidades serão automaticamente passadas aos dos níveis de 6 a 7. E assim sucessivamente.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

2. RACISMO BRASILEIRO - Perfíl Único


                                 Racismo Empírico

1.   Perfil Único
O racismo no Brasil tem características culturais sem paralelos no restante do mundo. Sem picos de ataques colossais. Mas nem por isso menos cruel e violento.
A seguinte comparação ilustra bem o racismo na cultura brasileira: Um grupo de crianças brincando de roda. Segurando cada uma a mão da coleguinha  fortemente. Enquanto brincam e cantam, há  algumas crianças fora da roda. As quais se esbarram contra o círculo fechado de tempo em tempo; tentando romper a corrente formada pelas mãozinhas do grupo para participar da brincadeira.
Um adulto se aproxima e pergunta às crianças que fazem parte da roda: "Quem está excluindo as demais  crianças da brincadeira?"
A resposta de cada uma delas é imediata: "Não sou eu!" 
Talvez, a parte mais cruel do racismo nacional seja justamente o anonimato. Pois, é muito mais difícil lutar contra um inimigo desconhecido que contra aquele que se revela.
           2. A Gradatividade do Racismo
                                
                        1) O que é
                        2) Sua importância no Estudo sobre Racismo
         1) O que é Gradatividade do Racismo:
               O nível de exclusão social é proporcional ao escurecimento da pele.
A exclusão e discriminação é  gradativa de acordo com o tom da pele de cada pessoa (individualmente).

Nota: Pesquisadores e estudiosos do assunto deveriam levar mais em conta o fator gradativo.
Pele mais escura: maior exclusão. Mais brincadeiras  depreciativas ou apelidos chulos. Menos oportunidades de inserção social, etc.
Proporcionalmente ao “clareamento” da pele vem inserção social. Quem é “intermediário na cor”, geralmente, não tem grandes oportunidades. Porém, com grande esforço, pode conseguir algum espaço acima na Pirâmide Social.
Esta gradatividade pode ser percebida facilmente em várias áreas da sociedade. Por exemplo: na maioria das empresas você encontrará, “em termos gerais”: os de pele mais escura trabalhando na faxina e transporte de volumes ou qualquer outra atividade do mais baixo escalão e de menor remuneração.
Os de cor “intermediária” em trabalhos de nível médio e geralmente, internos, sem muito contato com o público.
Os de pele mais clara se encontram nas posições de mais destaque, exposição e melhor remuneração. Eles são, na maioria das vezes: o “Cartão Postal da Empresa”.
Será que os donos de tais empresas já pararam para pensar como se sentem seus clientes de cada um destes níveis? Que mensagem eles estariam passando?
          2) Sua Importância no Estudo Sobre o Racismo
          Há dois pontos principais que fazem, como já dissemos, o racismo brasileiro único é também muito cruel: o anonimato, e o segundo é  justamente a gradatividade.
Classificando-se os tons  da pele (apenas para  expor o que ocorre) em uma escala de zero a dez.
O zero como sendo a cor mais escura “bem negra” e o dez, o “bem alvo.”  Quanto mais próximo o indivíduo for do ponto zero, mais discriminado será. Menos oportunidades terá. Ele poderá ser discriminado por todos que estão na escala  acima dele. Pois, esta gradatividade dá oportunidade a um indivíduo de se sentir “menos negro” ou “quase branco” ou ainda “só um pouco negro”. Por isto também, um pouco melhor e com oportunidades também um pouco melhores.
Esta discriminação pode ser percebida inclusive dentro de uma única família. E a própria família vê que fulano ou sicrano tem mais oportunidade de ascensão social que o outro que é mais escuro. Também é uma das causas de muitas pessoas se identificarem como “brancas”, quando na verdade pertencem ao grupo intermediário na Escala Cultural de Oportunidades de Ascensão Social X Cor.
 Aqueles indivíduos que ficam na parte intermediária da escala: mais ou menos entre quatro e oito, (veja escala a baixo) têm grande chance de estar também, em posição intermediária em todos os setores da vida.
Lembrando que: em todos os casos tratados neste trabalho poderá haver exceções. Mas, são justamente elas que indicam os grandes potenciais que toda a sociedade brasileira tem perdido devido ao racismo. Ou, como alguns preferem,  devido à discriminação racial.  As exceções não devem servir de pretexto para que não seja feito nada. Mas, sim de incentivo para valorização de cada indivíduo independentemente de raça ou cor.
Pode parecer para alguns que os que estão na parte intermediária da Escala desfrutem de posição confortável.  Mas, não é verdade! Eles podem facilmente ter: dificuldade de identidade (que é característica fundamental para o desenvolvimento integral do indivíduo) baixa autoestima, desprezo ou dó dos que estão "posicionados na Escala" abaixo de si.  (Veja escala na próxima publicação)