segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Em Peça Escolar, Garoto Negro Seria Acorrentado pelo Pescoço e Conduzido por Colega


Quarta série em 1966; a escola pública ensinava com extrema dedicação: Educação Moral e Cívica, matéria na qual, dentre outras práticas, cantava-se o Hino Nacional hasteando a Bandeira uma vez por semana. E havia programação bem elaborada nas datas cívicas (era época da ditadura).
Criança negra, naquele tempo, não sabia o que era ditadura e tinha uma noção muito vaga das implicações de “ser negro”. Mas, sabia bem que deveria: Amar a Pátria! Não falar de assuntos desconhecidos ou misteriosos. E obedecer às autoridades.
Na comemoração da Independência daquele ano haveria uma peça teatral, muito bem elaborada e ensaiada, com a turma da quarta série. Teria: D. Pedro I, II, rainhas, princesas; roupagens bonitas, etc. As crianças estavam eufóricas! Quem seria quem? O que vestiriam? O que fariam? Como iriam se sair?
Mas, um garoto negro sentado timidamente no fundo da classe, estava desconfiado, assustado! Não queria se envolver, não queria ser percebido. Havia tantas crianças na sala, ele poderia bem passar por despercebido. Estava muito constrangido!  Afinal, que papel digno seria dado a um garoto negro de lábios grossos?
A professora não conseguiu passar todas as orientações sobre a peça naquele dia. O menino foi para casa, preocupado! Comentou vagamente o problema  com a mãe que o acalmou dizendo-lhe que aguardasse a sequência da situação.
No próximo dia, a professora o chamou à frente da sala e pediu-lhe que fizesse o papel de escravo. Explicou-lhe que os negros haviam sido escravos e que, ás vezes, eram acorrentados pelo pescoço. Que ele era bem escuro exatamente como eram os escravos. Que o papel seria muito fácil, pois não teria que dizer nada. O menino sentiu seu coração disparar, ficou tão envergonhado que começou a chorar baixinho. Os colegas estavam todos em volta da professora curiosos. Alguns rindo baixinho, outros sérios. A professora explicou a ele que aquela seria uma peça cívica e que precisava dele para o papel. Que havia outro garoto negro na classe, mas era bem mais claro. Que ele seria a pessoa perfeita para a cena; que tudo seria muito fácil e rápido. Só seria acorrentado pelo pescoço e conduzido por alguns metros por um colega e que não iria machucar. (Que isso não seria nada vergonhoso, pois era história do Brasil, que os escravos haviam contribuído muito com a Pátria, etc.) O menino já não ouvia mais nada, só se via acorrentado pelo pescoço, todos olhando, uns rindo. Ficou apavorado! Tinha apenas nove anos e achava aquela situação impossível de solucionar.
Foi para casa chorando e pensando: “Certamente, minha mãe me indicará uma saída!” Ao pisar em casa, contou aos prantos à mãe. Ela o acalmou dizendo que não precisaria fazer nada na escola que o humilhasse! Que tudo terminaria bem; bastaria ele ficar firme em sua decisão de não participar. (Mas, “o coração de mãe” ficou “partido” de dor pelo sofrimento do filho! Ela sentiu que aquilo traria consequências)! 
O garoto passou a ser assediado pela professora e por colegas a cada dia durante o período de ensaio da peça para que aceitasse o tal papel. Ele ficava envergonhado, às vezes, chorava. Foi se fechado cada vez mais.
Quando viram que ele não cederia, puseram outra criança “menos apropriada” no papel.  Ele passou a ser desprezado abertamente por vários colegas e pela professora. O tempo todo era acusado e julgado por não ter contribuído para “o bem comum”. Que aquilo era apenas uma peça. Que para o outro grato não foi problema representar...
Essa situação afetou profundamente a vida do menino, que poderia ter sido muito diferente, mais feliz! Ele tinha grande potencial a ser desenvolvido pela EDUCAÇÃO ESCOLAR, mas pegou aversão à escola. Cresceu, sofreu, trouxe muita dor aos que o amavam! Já não está entre nós!...
Não se pode julgar a intenção da professora, mas, uma coisa é certa: Ela foi tremendamente insensível às necessidades de um garoto de apenas nove anos de idade! 

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

A Menina que Pensava Ser Apenas mais uma Criança na Classe, mas, Era Negra!

Numa Classe de Segunda Série em 1964, Escola Pública.

Duas meninas, uma negra e outra branca, se sentavam lado a lado. Compartilhavam suas curiosidades infantis, comentavam algumas particularidades, entre uma atividade e outra. Pareciam boas amigas.
A escola era toda murada, os portões fechados durante o período de aulas e recreio. Mas, era comum parentes de algumas crianças, durante o intervalo, levar-lhes lanche, entregando-o sobre o muro.
Certo dia, a menina negra brincava durante o “recreio” distraidamente a uns três metros do muro.  A irmã de sua colega branca (uma jovem de 17 anos aproximadamente) chegou com a merenda. Gritou pela irmãzinha para que fosse pegar o alimento. A menina foi correndo. Ao se aproximar do muro, sua irmã ordenou-lhe: Você está vendo aquela nega? Vá lá agora e dê-lhe uma surra! “Bate, bate naquela neguinha. Escola não é lugar de nego”! A menina simplesmente correu e pulou sobre a outra, as duas rolaram pelo chão. A criança negra não entendeu o que estava acontecendo, foi tudo muito rápido! Mas, por pura adrenalina, reagiu e se defendeu com bravura. Acabou, a jovem assistindo sobre o murro, sua irmã levar uma grande surra e não pode fazer nada!
  
As meninas continuaram na mesma classe, a amizade se esfriou. A garota negra por muito tempo ficava pensativa tentando entender: Por que aquilo tudo aconteceu? Como a menina, mesmo estando em uma família que, provavelmente, não gostava de negros, antes da briga tinha uma boa amizade com ela? Por que depois, não deu nenhuma explicação sobre o ocorrido?
A menina sentiu, pela primeira vez, que poderia ter problemas não por algo que tivesse feito, mas apenas por sua cor. Ficou muito assustada porque até então; pensava ser apenas mais uma criança na classe!

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Crianças de Terceira Série - na Década de Sessenta

A maioria dos exemplos de discriminação apresentada neste trabalho ocorreu entre 1990 e 2013

Mas, os exemplos deste bloco são de fatos ocorridos entre 1960 e 1980. Lugares específicos e nomes de pessoas são omitidos para preservação de privacidade.

Algumas Situações Escolares

1.   Crianças de Terceira Série - na Década de Sessenta

Três crianças numa classe de 3.ª série primária: dois irmãos negros e um coleguinha ruivo. A classe era muito grande, não havendo condições para a professora dar atenção especial a todas as necessidades individuais. Os irmãos perceberam que o amigo (ruivo) que se assentava próximo a eles, tinha muita dificuldade, não conseguindo acompanhar a classe. Decidiram ajudá-lo com as tarefas. O garoto gostou, passaram a estar sempre juntos, faziam as atividades escolares na casa dos irmãos, brincavam um pouquinho e ele ia para sua casa, tudo com o consentimento de sua família. Logo ele começou a se desenvolver. Mas, ainda sendo ajudado pelos amigos até o final do ano escolar, pois aprendia mais lentamente que os demais, não tendo tempo de assimilar os conteúdos em sala de aula.

Após as provas finais, os três tiveram uma grande surpresa: A professora avisou solenemente que a classe toda havia passado de ano, exceto duas crianças, das quais, na sequência (em público) foram ditos os nomes. Que para grande choque dos três amigos, eram justamente os dois irmãos (únicos negros da classe). Eles não entenderam tudo que envolvia a situação, mas perceberam que: A reprovação fora injusta e que a professora pretendeu aprovar a classe “em massa”. Mas, como uma aprovação generalizada deporia contra ela, escolheu os dois negros para serem os reprovados. Mesmo o garoto ruivo que foi aprovado, percebeu algo errado na situação e ficou muito triste por seus amigos dedicados. Os irmãos viram seus colegas irem avante e eles ficaram para trás...

Na década de sessenta coisas deste tipo não eram questionadas e nem muito comentadas. Porém, hoje a história está aqui no blog pretendendo dar a sua “pequena” contribuição para a formação do Perfil do Racismo na Cultura Brasileira.

domingo, 8 de setembro de 2013

Comportamento Racista Comum na Cultura Brasileira - Subestimado Também por Negros

Um pequeno grupo de pedreiros construía a garagem de certa residência. A equipe era formada por: o mestre de obras, mais um pedreiro e dois serventes. Todos eram amigos e se conheciam bem. Só um dos serventes era negro “bem escuro”. Os demais eram o oposto, bem claros.
Todo tempo, enquanto trabalhavam, o servente (de pele clara) se referia ao colega como “nego safado”. Todos riam a valer das “brincadeiras”, inclusive o negro. A situação perdurou por alguns dias.
A proprietária da casa observava a situação. Um dia resolveu intervir. Perguntou ao jovem branco porque ele sempre se referia ao negro como “nego safado”. Ele disse que eram apenas brincadeiras, e que eles eram bons amigos. A proprietária perguntou-lhe qual seria a diferença se alguém se referisse a ele como “branco safado”. Ela acrescentou-lhe que aquele era um comportamento racista e que racismo era crime. Eles continuaram a obra até o fim. As brincadeiras cessaram!
 Passado algum tempo, a mãe do jovem que fizera as brincadeiras, visitou a proprietária da garagem. E, em conversa aparentemente casual, evocou o tema racismo para deixar bem claro que na sua família ninguém era racista.
Este é um acontecimento, absolutamente banal.
Então, por que foi registrado?

Justamente por ser banal merece reflexão:

Por que o jovem branco, mesmo se dizendo amigo do negro, não o tratava pelo nome?

Por que o negro sorria e aceitava a brincadeira?

Por que os demais membros da equipe não interferiram na brincadeira?

Por que a mãe do jovem julgou necessário justificar o filho juntamente com toda a família?

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Peculiaridades da Cultura Brasileira e Racismo

                                                                           (continuação)
                Como este Aspecto Cultural se Aplica ao Racismo?
É basicamente assim: Se o Reagente é  quem geralmente, será responsabilizado pelos conflitos,   e não o Agente. Quem corre o risco de ser inadequado, não tendo a reação apropriada para a situação, é  ele (o Reagente).  Então, em muitas situações de racismo é esperado que o negro tenha uma reação “apropriada”, e não leve em conta certos fatos ou atitudes. Ele não deve frustrar a expectativa da reação prevista. Estando sujeito a sofrer as penas impostas pela cultura a quem não tem a reação “adequada” à situação. As quais poderão ser desde: taxado de difícil de relacionamento, até a perda de oportunidades profissionais, etc. 
Favorece também ao comportamento de que “ninguém é racista tão defendido por alguns, uma vez que: quem se “expõe”, caso tenha a atitude considerada culturalmente inapropriada, é o Reagente que no caso da discriminação racial será o negro. Muitas vezes, o negro só comenta a discriminação sofrida com íntimos, porque a maioria das situações é totalmente impossível de ser comprovada. Ele teme não ser compreendido ou bem visto ao se manifestar. Porem, quem sofre a discriminação sabe que é real, principalmente porque são situações recorrentes.
 É o caso de: um negro fazendo compras numa loja sofisticada (o que vem se tornando menos incomum devido ao acesso de alguns negros à classe média). O funcionário o atende com frieza e indiferença, não lhe olha no rosto e mantém um tom de voz sério . Mas, enquanto ele ainda está por ali, olhando mais produtos; vê outro cliente branco , e o mesmo funcionário muda completamente a expressão facial, se tornando sorridente e falante ao atendê-lo. (A situação não é geral, mas muito comum). No caso o Agente provocador é o atendente frio e indiferente. O Reagente é o negro. O esperado dele é: que não se exponha a ser chamado de complexado pela cor ou algo do tipo: “Só podia ser nego!” Ou ainda, criador de problemas. E por aí vai...
            Algumas Situações Reais que Exemplificam:
·        Certa pessoa negra contou o seguinte fato: Planejava comprar determinado produto já por algum tempo. Fez pesquisa de preço. E percebeu que o melhor preço estava em uma loja famosa do remo, num Shopping Center da cidade próxima. Ela viajou até lá, ao chegar à loja, bela e sofisticada, com ar condicionado e todo conforto de um Shopping, procurou uma vendedora, a qual estava muito bem vestida com uniforme da empresa. A mulher a atendeu com frieza e indiferença, mantendo sempre a fisionomia muito carrancuda, sem olhar no seu rosto. Respondendo apenas o essencial. A pessoa negra disse que comprou o produto. Mas, saiu da loja profundamente triste e humilhada. Ela disse que sempre que vê o objeto em sua casa, se lembra da situação humilhante que passou ao comprá-lo.
Como reagir? Ela poderia ter feito o quê? Qualquer reação que tivesse, o desgaste, provavelmente, seria dela. Neste caso, ela reagiu conforme o esperado (de acordo com a cultura).
·        Outra pessoa, um senhor, contou que: pretendia comprar um produto eletrônico sofisticado . Ele tinha na mão uma folha de papel com o orçamento e características do produto. O qual pagaria à vista. Foi a uma loja famosa do ramo. Após dizer o que queria, o atendente o examinou com o olhar de cima a baixo lentamente. Sem se preocupar com discrição. Pegou a folha de orçamento de sua mão sem lhe pedir licença. E perguntou quem o havia mandado comprar o produto. Continuou tratando-o com tamanho descaso que ele decidiu  sair de lá e comprar o produto em outra loja. Onde foi atendido com naturalidade e respeito. (Bem atendido). Ele disse que até hoje não entra mais nas lojas daquela rede. E sempre que tem oportunidade conta a amigos o que ocorreu e pede-lhes que não comprem naquela rede de lojas.
Muitas vezes, a empresa é corresponsável pela discriminação praticada por seus funcionários; porque além de demonstrar preferência - ao contratar funcionários de determinado biótipo apenas - passando a ideia de que sejam melhores que outras pessoas; ainda não dá a tais funcionários treinamento adequado de como se relacionar com clientes.
É bom saber que mesmo quando “a cultura tenta amordaçar pessoas com seus preconceitos”, elas ainda encontram saídas para se defender legitimamente!
Mesmo que não pareça, o preconceituoso sempre perde! E, muitas vezes, a pessoa discriminada, cresce com a situação, tornado-se mais forte! Aprende a não agir da mesma forma como foi tratada com outras pessoas, porque sabe o quanto dói!
Quem trata pessoas pela aparência, perde muita riqueza de interação social. Talvez tenha sido a única oportunidade de interagir com aquele indivíduo na sua vida!
·        Um homem negro se hospedou num hotel de luxo. Duas jovens recepcionistas chegaram para entregar-lhe o cartão-chave, saudá-lo e apresentar-lhe as comodidades do hotel. Elas deveriam sorrir gentilmente e cumprimentá-lo. Mas, ao invés disso, começaram a prender os lábios e acabaram por soltar uma gargalhada! Ele disse a elas: “Vocês podem debochar da minha cor. Só que: estão aqui trabalhando e eu estou como hóspede. Vocês não me conhecem, não sabem nada sobre mim. A não ser que: sou negro. Mas, eu sei sobre vocês! Vocês só estão aqui porque têm carinhas bonitinhas, mas são medíocres!”
    (Muitos negros não estão em posição que lhes permita confrontar como este jovem o fez. Foi uma situação excepcional).

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Como Outros Aspectos Culturais Podem Influenciar o Racismo


Uma situação discriminatória não vem com  legenda gigante: Atenção Racismo!
Às vezes, certas atitudes são difíceis de serem comprovadas em qualquer cultura, elas são tão sutis que só quem as vive sucessivamente sabe que são reais. A cultura brasileira tem algumas peculiaridades que favorecem a esta dificuldade.

Vejamos uma Característica Cultural e como ela favorece ao Racismo:  
  • Quem fica em desvantagem em determinadas situações?

Numa conversa há: Remetente e Destinatário. Entre os dois, quem tem a pressão para tornar o resultado do diálogo aceitável - de acordo com o padrão cultural brasileiro - é o receptor ou destinatário. Ele é responsável por não fugir do que é esperado como resultado do que foi sugerido pelo remetente.   
Chamaremos de: A) Agente (o primeiro elemento do diálogo)  
                             B) Reagente (o segundo elemento)
O Agente: é o provocador de resposta ou reação. O Reagente: (preferimos usar o termo reagente e não paciente ou submisso porque veremos que ele muitas vezes não está submisso à pessoa. Em certo sentido ele tem escolhas, desde que assuma as consequências). Mas, geralmente, ficará com a parte decisiva de responder à situação de acordo com o esperado; o culturalmente considerado apropriado para a situação. É comum o Agente deixar toda a responsabilidade de ser: razoável, elegante, educado, correto ou não, para o Reagente. O Agente também pode ser a pessoa que esteja em posição de vantagem em algumas situações, mesmo não sendo o iniciador do diálogo.
·        Vejamos alguns exemplos: Se alguém oferece um alimento, uma bebida ou certas gentilezas, o que oferece é o Agente. Geralmente, a pessoa destinatária, Reagente, agradece, não aceitando, até a terceira ou quarta insistência. Só então, aceitará. No caso do Agente não insistir algumas vezes, o Reagente não se sentirá à vontade para aceitar, mesmo que deseje o que está sendo oferecido. O Reagente deverá ter a sutileza de decidir, (aceitar ou não). De fazer (ou não) o que a cultura espera dele. Que, no caso da não insistência, seria: Agradecer gentilmente e não aceitar. Ou ser indelicado e talvez, causar constrangimento para o Agente ao aceitar. (Veja que mesmo que o Agente seja “o líder na situação, ou o provocador de reação”, toda a responsabilidade de ser correto ou não, de acordo com a cultura, recai sobre o Reagente). É ele quem deve ter a atitude esperada (culturalmente) para deixar a situação confortável para ambos e para os demais envolvidos. Há uma sutil rede envolvendo a todos (cultura) que os conformam às respostas. Muitas vezes, parece que a pessoa tem escolha, mas, na verdade a resposta já está determinada pela cultura. Ele vai simplesmente ter a reação que se espera dele, para aquela situação.
·        Quando um visitante está saindo da casa de alguém é comum: “Não vá, fique mais um pouco!” (Agente)
Não houve falta de sinceridade, mas sim, a expectativa de que a outra pessoa tome a iniciativa de “se submeter ao que seja razoável” para o contexto, dentro da cultura brasileira. Então, a outra pessoa, pelo convívio sociocultural terá a percepção intuitiva e, geralmente, a reação esperada. No caso, anfitrião é o agente, que diz: “Não vá, fique mais um pouco!” O visitante, reagente, não deverá ficar até se tornar inconveniente. Como saber se o anfitrião quer realmente que o visitante fique mais um pouco? É só intuição, conhecimento do outro, não há uma regra!
·        Uma pessoa que deve para outra diz: “Te pago ou te devolvo ... dentro de uma semana.” O credor diz: “Não precisa se preocupar.” Neste caso, ele se torna Agente por estar em situação de vantagem (não foi o iniciador da conversa). Ele joga a responsabilidade de decidir cumprir ou não a promessa de pagar em uma semana, para o que irá reagir à sua colocação: “Não precisa se preocupar.” (Na verdade, geralmente, espera-se que o devedor se preocupe sim, e cumpra a sua palavra. A responsabilidade, porém é dele e não de quem emprestou. Que quis apenas ser gentil). Há exceções em que a pessoa realmente pretende que a outra não se preocupe. Mas, na maioria das vezes, é apenas maneira cultural de ser gentil e deixar toda a responsabilidade de ser correto ou não com o devedor. (Se ele não pagar, quem perderá o crédito?)
Como saber se o Agente realmente pretendeu que o Reagente não se preocupasse? Mais uma vez, não existe uma regra, mas no geral, segue-se o culturalmente esperado.
Observação: A cultura brasileira é cheia de situações desse tipo.
Como este Aspecto Cultural se Aplica ao Racismo?
                                             (Continuará na próxima publicação!)