Numa
pequena comunidade, na qual parte da população era formada por negros. Certo servidor público promoveu reunião
comunitária para apresentação de resultados de seu trabalho em determinada área
da saúde. A mesma foi amplamente divulgada e feita promessas de incentivos com premiação para que houvesse o maior número possível de pessoas presentes. Seria realizada no Centro Comunitário da
cidade, onde todos seriam bem-vindos. E para estudantes da Escola Pública seria
obrigatória a presença.
Comparecimento: mais de 10% da comunidade, aproximadamente 500
pessoas chegaram.
O
palestrante apresentou seus relatórios
de bom serviço prestado à comunidade, através de slides. (Usando projetor: Data Show).
Como Ocorreu:
Ilustrações positivas de saúde foram feitas com fotos ou
gravuras de pessoas brancas, na maioria, louras: bebês bem cuidados ou adultos
saudáveis. Olhos azuis eram predominantes.
Os exemplos de insalubridades, deformidades, feridas, degenerações, etc.; foram
todos apresentados através de fotos dos negros do local. Mostrando os problemas
sem “identificar” totalmente o rosto
da pessoa.
Porém,
muitos daqueles negros ou seus parentes estavam presentes na reunião. Cada um
sabia qual era sua “foto” ou de seu
familiar.
É
claro que o profissional de saúde havia tomado o cuidado de pedir autorização
(verbal) a cada um deles para usar suas fotos.
(Como
poderiam dizer não? A maioria dos adultos e mesmo alguns jovens eram analfabetos.
O profissional de saúde era o único em toda região que poderia socorrê-los em
caso de necessidade. O que fazer, a não ser dizer, timidamente: - sim! Mesmo sem saber
muito bem do que se tratava? “É certo,
que ele branco, 'rico'; é inteligente
e deve saber o que faz!” Pelo menos do ponto de vista dos que têm muito
menos).
Durante
o evento, ouvia-se a todo o momento sussurros e risadinhas constrangidas de
pessoas na plateia. Identificando de quem seriam as fotos.
A premiação:
A
identificação berrante de discriminação, bem aceita e ignorada por toda a
comunidade, não parou por aí: houve o solene momento de premiação de crianças e
adolescentes. Os quais tinham seguido algumas orientações de saúde durante determinado período.
Todos
os que foram considerados ganhadores dos primeiros lugares eram dentre as
crianças mais claras possíveis de serem encontradas no lugarejo. Estas foram
honradas recebendo sua premiação das mãos de autoridades importantes da
comunidade. Individualmente, subindo uma a uma à plataforma. E cada criança recebera a homenagem de
diferentes cidadãos ilustres. Foram mais de 10 crianças premiadas.
Depois,
surgiu um segundo lugar. Isso mesmo! Querido leitor! Um segundo lugar que: não
parecia muito lógico porque era exatamente igual ao primeiro. Exceto por: ser
formado totalmente por crianças e adolescentes negros. Estes foram chamados. Todos em um só grupo. E
lhes foram entregue a premiação por uma só pessoa rapidamente!
Nota:
Algumas
características gerais -que não mudam
o foco do assunto- foram alteradas ou omitidas com propósito de proteger
a privacidade de todos envolvidos. O objetivo deste trabalho não é denunciar uma
ou outra situação em particular. Mas sim, ajudar a estabelecer o perfil do
racismo brasileiro.
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