sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Criança e Racismo


Certa professora de educação infantil, aposentada, dava aulas de reforço de leitura e aritmética (rudimentos da matemática) a crianças da Rede Pública. 

Uma época ela estava ajudando duas crianças de oito anos que estudavam na mesma classe. Um garoto negro e uma garota branca. Sua experiência como professora, a fez perceber logo que ambas as crianças eram muito inteligentes, com potencial enorme. A menina lia perfeitamente e só estava lá para aprender tabuada e ler belos livrinhos coloridos. Porém, o menino era semianalfabeto, soletrava só as sílabas simples. E parecia muito frustrado com a escola da qual dizia categoricamente não gostar.

Por três vezes, a garota branca procurou pela professora, em particular, e disse que o garoto era constantemente maltratado por colegas na escola. Chamado de: urubu, macaco, nego fedido, saci, etc. E que, muitas vezes, ele batia nos demais meninos na sala de aula.


(Esse tipo de situação é mais comum do que gostaríamos de pensar. E muitas vezes, a criança não conta em casa porque fica constrangida. Às vezes, acha que a culpa pelos problemas seja sua. Por isso teme ser repreendida pelos pais. Então, guarda toda a frustração que é manifestada de outras maneiras.
Há casos em que a mãe temendo que a criança não se adapte ao “que é comum” a repreende com expressões do tipo: “Deixe de ser boba! Não ligue pra isso. Não vá arrumar confusão.”  Achando o problema “insuperável”, e que seu filho ao não se “conformar” com a situação, venha a sofrer danos maiores, ela tenta levá-lo a aceitar o maltrato cotidiano. Muitos adultos toleram circunstâncias de discriminação por este mesmo motivo.
Quando uma pessoa é humilhada constantemente e não vemos reação. Não significa que  não tenha havido reação. Significa apenas que: não vimos reação!)
Em outro dia, a coleguinha branca comentou novamente sobre o assunto. Só que desta vez, em sua presença. Ele começou a chorar constrangido e pediu  a ela  que parasse de falar sobre a situação.

(Pais e professores precisam estar atentos! Nenhuma criança deve ser submetida à humilhação enquanto aprende. ISSO PODE PREJUDICAR MUITO O APRENDIZADO, o preparo para a vida adulta!)

O garoto, na aula de reforço, se sentindo seguro, respeitado e estimulado, em pouco tempo completou a alfabetização e se tornou ótimo em matemática. Mas, continuou afirmando não gostar da escola!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Aguardando pela Moderação

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.